[Os projetos foram ordenados pelo último sobrenome do professor pesquisador]

A Psicossociologia da publicidade expandida: Estudos críticos sobre a produção de subjetividades e comunidades para o consumo

Responsável – PATRICIA BURROWES

A avassaladora quantidade de conteúdos mediáticos a que os indivíduos e comunidades estão expostos hoje enseja uma nova economia da atenção. A publicidade tem, por isso, mudado seus formatos, tornando-se ao mesmo tempo ubíqua e invisível. Mudam as táticas de persuasão, que cada vez mais buscam ativar afetos de indivíduos, comunidades e redes e capturar sua potência. Produzem-se, dessa forma, agenciamentos coletivos de enunciação cujo cerne está no desejo de consumo e que ensejam subjetividades correspondentes, centradas no consumismo. Esta pesquisa propõe, por um lado, abrir a caixa de ferramentas da Publicidade Expandida, expondo seus mecanismos e funcionamento. E, por outro lado, busca mapear as táticas de resistência que porventura encontremos em comunidades e grupos.

A noção de subjetividade conforme proposta por Guattari (GUATTARI; ROLNIK, 1986; GUATTARI, 1992) é crucial nesta pesquisa. Diferentemente do conceito de sujeito de inspiração cartesiana, que se fundamenta na separação entre sujeito e objeto, a noção de subjetividade privilegia a conexão, o encontro entre sujeitos e objetos. Mais do que isso, tal noção de subjetividade propõe que o nexo é primeiro em relação tanto a sujeitos, quanto a objetos. É a conexão que constitui uns e outros. Sendo que não se trata de um simples acoplamento, unívoco e direto, mas do agenciamento entre uma multiplicidade de variáveis com forte tendência à variação, ou em equilíbrio metaestável, que pode a qualquer momento, com uma alteração das circunstâncias, se transfigurar. Múltiplos elementos heterogêneos estariam articulados na produção de uma subjetividade dinâmica, coletiva e imersa no cotidiano: materiais semióticos, tais como linguagem, arte, ciência, religião, em ligações com corpos físicos e materialidades diversas, tais como a natureza, arquitetura, mas também máquinas e ferramentas, formando todo um “ambiente maquínico”  (GUATTARI; ROLNIK, 1993: p. 27). É importante salientar que essa ideia de subjetividade também não se centra no ego individual, uma vez que ultrapassa a instância pessoal, tanto na direção macro, das instâncias dos grandes sistemas sociais, quanto na direção micro, de afetos e percepções pré-pessoais. Tal diversidade de fatores tanto se poderia organizar em torno de modelos que se replicam, como de formas singulares e criativas, o que seria definido pelo tipo de conexão que estabelecem, ou seja, pelo “agenciamento coletivo de enunciação” a que pertencem. Guattari propõe ser a subjetivação capitalística um desses modelos: “Trata-se de sistemas de conexão direta entre as grandes máquinas produtivas, as grandes máquinas de controle social e as instâncias psíquicas que definem a maneira de perceber o mundo.” (idem, p. 27)

Os biosentidos das violências. Guerras bárbaras do contemporâneo

Responsável – MILTON N. CAMPOS

A pesquisa, de orientação qualitativa, está organizada em torno de personagens da vida real que serão entrevistadas em profundidade de modo a explorar, a partir de uma perspectiva interpretativo-crítica colaborativa, contextos paradoxais relacionados com o que chamamos de guerras bárbaras do contemporâneo de modo a compreender seus biosentidos. Cada um desses contextos se constitui como campos (1) da memória; (2) da segurança e insegurança; (3) da vida e da morte; e, finalmente, (4) da verdade e da mentira. A partir da ideia de um caleidoscópio de violências, buscaremos explorar esses campos através de uma perspectiva teórico-metodológica fundamentada em entrevistas em profundidade, tomadas como método e instrumento de pesquisa. A amostragem dos sujeitos seguirá preceitos híbridos, integrando a amostragem qualitativa por conveniência e a amostragem qualitativa por critério (purposeful). As entrevistas realizadas serão analisadas a partir de ferramentas relacionadas com o quadro teórico, notadamente o conceito de biosentidos, na medida em que se buscará explorar em profundidade como os entrevistados vivenciam os campos acima mencionados. Como resultados, esperamos poder identificar, descrever e explicar a operabilidade de violências contemporâneas nas vidas das pessoas, que nomeamos metaforicamente de guerras bárbaras, de modo a buscar entender como configuram as crenças e percepções e, por conseguinte, o comportamento coletivo, podendo ter consequências psicossociais relevantes. Projeto registrado na Plataforma Brasil, com certificado de ética de n. CAAE: 46430621.9.0000.5582.

Juventude Líquida e Argumentacão em Rede: Diálogo ou Violência?

Responsável – MILTON N. CAMPOS

O objetivo da proposta de pesquisa é o de se estudar processos psicossociais comunicativos de argumentação que se coconstroem em comunidades em rede, com foco nas razões pelas quais jovens adultos fluminenses de 18 a 24 anos que vivem no Grande Rio manifestam e trocam ideias a respeito da sociedade em que vivem, levando à ação política. Trata-se de um projeto de pesquisa interdisciplinar envolvendo os campos da psicologia social e comunitária, da comunicação, da filosofia e da sociologia. A abordagem teórica está fundamentada na ecologia dos sentidos, que integra contribuições das psicologias construtivista e socioconstrutivista, e dos aportes críticos da filosofia de Habermas a respeito do diálogo e/ou violência, e da sociologia de Bauman no que tange ao contexto de liquidez das relações sociais no mundo contemporâneo. O método utilizado é o do estudo de caso ideográfico ancorado teoricamente, com abordagem híbrida quantitativa (análise de questionários), qualitativa (análise de entrevistas) e lógico-argumentativa (análise das conversas em rede). A estratégia de amostragem é múltipla: conveniente, por bola de neve e por critério. Os dados obtidos serão (a) quantificados (questionários) e (b) analisados qualitativa e lógico-argumentativamente (questionários, entrevistas e conversas entre amigos nas redes sociais). Espera-se que a análise dos dados e sua interpretação nos permita chegare a uma compreensão crítica da problemática cognitivo-afetiva e ético-política das trocas comunitárias, de modo a verificar se estas tendem mais à ação política fundamentada no diálogo, ou na violência. Projeto registrado na Plataforma Brasil, com certificado de ética de n. CAAE: 50100415.6.0000.5582. Financiamento FAPERJ n. 2104842016.

Antropologia digital e mediações socioculturais

Responsável – MONICA MACHADO CARDOSO

O projeto de pesquisa visa dialogar com a interface da comunicação, antropologia e psicossociologia. Para isso procura investigar as mediações socioculturais como fenômenos que dialogam entre as expressões online e offline ou entre as culturas midiáticas e as experiências presenciais comunitárias e ainda dialogar entre os registros de subjetividades e mobilizações em culturas comunitárias.

Narrativas digitais e culturais juvenis

Responsável – MONICA MACHADO CARDOSO

O debate sobre as culturas digitais, juventudes e sistemas de cognição têm se mostrado como um fértil campo de pesquisa na contemporaneidade, inspirando uma produção transdisciplinar nas áreas de comunicação, na educação, na psicologia e na antropologia. Os estudos gravitam em torno dos temas sobre infância, juventude, internet, oportunidades e riscos; culturas juvenis e media literacy; investigações sobre mídia digital, juventude e cidadania ou engajamento digital e estudos de recepção (Livingstone, 2010; 2011; 2015). Ou retomam preocupações clássicas da antropologia como as relações de sociabilidade para compreendê-las em novas dinâmicas no mundo digital (Miller, 2012; 2013;2015). O foco dessa pesquisa que se inicia é investigar no Brasil e, em uma perspectiva comparativa com a Inglaterra em especial, mas também outros países, como se organizam as interações sociais dos adolescentes – 12 a 16 anos - com o ambiente digital - acessoa internet, usos, aprendizados, riscos e oportunidades, motivações. O projeto prevê observação participante e entrevistas semi-estruturadas com os adolescentes, seus pais e professores. Partimos da hipótese de que aprofundando os estudos sobre os usos sociais dos meios digitais entre crianças e jovens, contribuiríamos para ampliar as relações entre ensino, mídia, ambientes digitais e conselhos consultivos e deliberativos (familiares, educacionais e políticos). A proposta está fundamentada na linha teórica da antropologia digital, em especial, nos debates sobre tecnologia e humanidades, representações sociais e mediações. O desafio está em estudar o impacto das novas tecnologias e as mudanças nos modos de consciência e outros modos de vida, sem ver esse processo como um aumento ou declínio da nossa humanidade.

Vulnerabilidade Social entre a população idosa na América Latina

Integrante: CLAUDIA REINOSO ARAÚJO DE CARVALHO

Descrição: Pesquisa qualitativa visando entender a vulnerabilidade social em idosos na América Latina, comparando similaridades, bem como identificar as principais ações acerca dos direitos humanos e proteção social das pessoas idosas na América Latina e Caribe. Natureza teórica com busca realizada em bases de dados demográficos dos países e indicadores socioeconômicos. A pesquisa tem como principais referências as diretrizes do trabalho sistemático realizado pela Comissão Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL), através do Centro Latino Americano e Caribenho de Demografia (CELADE) na Divisão de População da CEPAL, para apoiar os países da região na incorporação do envelhecimento nas agendas de desenvolvimento.

Vulnerabilidade social, participação comunitária e engajamento social

Integrante: CLAUDIA REINOSO ARAÚJO DE CARVALHO

Considerando a necessidade posta aos países latino- americanos quanto ao desafio de se promover a expansão da cidadania e o de enfrentar os problemas decorrentes das desigualdades sociais, a pesquisa tem o objetivo de analisar as formas coletivas de organização de populações historicamente vulneráveis acerca de suas demandas sociais, e como estas desenvolvem suas estratégias coletivas de enfrentamento. Parte-se do pressuposto de que uma das principais questões que contribuem para a desigualdade está relacionada à vulnerabilidade social, entendida como um conjunto de características, de recursos materiais ou simbólicos e de habilidades inerentes a indivíduos ou grupos, que podem ser insuficientes ou inadequados para o aproveitamento das oportunidades disponíveis na sociedade. Compreende-se ainda que a diminuição dos níveis de vulnerabilidade social pode se dar a partir do fortalecimento dos grupos para que estes  possam  ampliar seu universo material e simbólico, além de suas condições de mobilidade social. A participação social, no paradigma sócio crítico, é entendida como chave para emancipação e desenvolvimento pessoal e coletivo no enfrentamento dos processos de exclusão e opressão. 

Práticas interculturais dos migrantes transnacionais no Brasil: Negócios étnicos e negociações identitárias
Responsável – MOHAMMED ELHAJJI

O projeto objetiva desvelar as estruturas discursivas atrás das práticas interculturais empreendidas pelos migrantes recém estabelecidos no Brasil. O estudo ambiciona identificar as principais modalidades de comunicação intercultural próprias ao contexto migratório brasileiro e tentar avaliar seu grau de sucesso em termos de reconhecimento simbólico e integração social.

Vulnerabilidade social entre a população idosa na América Latina

Responsável – CLAUDIA REINOSO ARAÚJO DE CARVALHO

Pesquisa qualitativa visando entender a vulnerabilidade social em idosos na América Latina, comparando similaridades, bem como identificar as principais ações acerca dos direitos humanos e proteção social das pessoas idosas na América Latina e Caribe. Natureza teórica com busca realizada em bases de dados demográficos dos países e indicadores socioeconômicos . A pesquisa tem como principais referências as diretrizes do trabalho sistemático realizado pela Comissão Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL), através do Centro Latino Americano e Caribenho de Demografia (CELADE) na Divisão de População da CEPAL, para apoiar os países da região na incorporação do envelhecimento nas agendas de desenvolvimento.

Vulnerabilidade social, participação comunitária e engajamento social

Responsável – CLAUDIA REINOSO ARAÚJO DE CARVALHO

Considerando a necessidade posta aos países latino- americanos quanto ao desafio de se promover a expansão da cidadania e o de enfrentar os problemas decorrentes das desigualdades sociais, a pesquisa tem o objetivo de analisar as formas coletivas de organização de populações historicamente vulneráveis acerca de suas demandas sociais, e como estas desenvolvem suas estratégias coletivas de enfrentamento. Parte-se do pressuposto de que uma das principais questões que contribuem para a desigualdade está relacionada à vulnerabilidade social, entendida como um conjunto de características, de recursos materiais ou simbólicos e de habilidades inerentes a indivíduos ou grupos, que podem ser insuficientes ou inadequados para o aproveitamento das oportunidades disponíveis na sociedade. Compreende-se ainda que a diminuição dos níveis de vulnerabilidade social pode se dar a partir do fortalecimento dos grupos para que estes possam ampliar seu universo material e simbólico, além de suas condições de mobilidade social. A participação social, no paradigma sócio crítico, é entendida como chave para emancipação e desenvolvimento pessoal e coletivo no enfrentamento dos processos de exclusão e opressão.

Juventude urbana periférica e ocupação cultural

Responsável – BEATRIZ AKEMI TAKEITI

Não tem sido infrequente tomar a juventude urbana periférica a partir da sua condição social de pobreza e, assim, classificá-la como jovem pobre. As práticas culturais fundadas nos territórios onde estes jovens se encontram, afirmam uma contracultura na compreensão juvenil, pois novas identidades são construídas na medida em que um outro modo de ser jovem nas periferias passa a ser visto e reconhecido pela sociedade que tanto os estigmatiza. Esta pesquisa pretende analisar as ocupações culturais que engajam jovens nos territórios periféricos das favelas do Rio de Janeiro e São Paulo e compreender como tais ações agenciam mudanças nas políticas públicas locais. Trata-se de um estudo de abordagem quanti-qualitativa descritiva, a ser realizada em duas etapas: na primeira, será aplicado um questionário semiestruturado com perguntas abertas e fechadas sobre as ações culturais desenvolvidas por estes coletivos juvenis e jovens participantes do projeto bem como os impactos destas nas políticas de cultura local. Na segunda etapa, serão realizadas rodas de conversa com três coletivos em cada município selecionado a partir de uma pergunta disparadora. Sendo a cultura um campo transdisciplinar com múltiplos enfoques, e a juventude urbana periférica um público que merece um olhar por diversas áreas do saber, esta pesquisa busca tratar a temática em diferentes perspectivas, seja ela no âmbito cultural, social, econômico, político e subjetivo. Espera-se que o presente estudo possa subsidiar ferramentas tecnológicas e de inovação no âmbito das políticas públicas através da identificação e mapeamento do circuito cultural existente nas periferias e favelas da cidade, enquanto política de cultura que se constrói a partir do engajamento em ocupações da juventude urbana em dois centros urbanos ? Rio de Janeiro e São Paulo. Além disso, este estudo contribui com a produção de conhecimento nas áreas de Terapia Ocupacional e Psicologia, com interface com as demais áreas das ciências humanas e sociais, apoiando o debate sobre as práticas que se realizam em torno da juventude brasileira.

JuventudeS urbanas periféricas, arte-cultura e ocupações: Impactos de um projeto de extensão no conjunto de favelas do Complexo do Alemão

Responsável – BEATRIZ AKEMI TAKEITI

O projeto de pesquisa JuventudeS urbanas periféricas, arte-cultura e ocupações: impactos de um projeto de extensão no conjunto de favelas do Complexo do Alemão constitui um desdobramento das ações do projeto de extensão Juventude(s): intervenções urbanas de arte-cultura no território desenvolvido pelo Departamento de Terapia Ocupacional, da Faculdade de Medicina, UFRJ, que busca ofertar oficinas de arte-cultura para jovens inseridos em dois contextos institucionais escola e organização não-governamental, ambas no Complexo do Alemão. O objetivo desta pesquisa é caracterizar e analisar as juventudes do Complexo do Alemão e os impactos do projeto de extensão neste território. Trata-se de pesquisa quanti-qualitativa, exploratória-descritiva, que deverá ser realizada em três fases. Na primeira, pretende-se caracterizar os jovens no Complexo do Alemão, através da aplicação de questionário online (GoogleDocs®) com perguntas abertas e fechadas sobre os aspectos socioeconômicos, culturais, sociais e ocupacionais. Na segunda etapa, realizar-se-á um mapeamento dos serviços, equipamentos, programas, projetos e coletivos que desenvolvem ações com jovens através da rede de indicação e levantamento e em portais e sites oficiais. Em seguida, será realizada uma entrevista em profundidade com jovens e profissionais dos serviços, através de um roteiro com perguntas abertas com jovens e trabalhadores dos equipamentos mapeados na fase 2, além da construção de um ecomapa com estes profissionais para identificar o aparecimento ou ausência do projeto de extensão na rede de suporte do jovem no Complexo do Alemão e identificar os impactos do projeto de extensão neste território.

Juventudes, vulnerabilizações e violências: o que as teses de doutorado e dissertações de mestrado informam sobre os jovens?

Responsável – BEATRIZ AKEMI TAKEITI

Com o objetivo de dar continuidade ao levantamento realizado no período de doutoramento (Takeiti, Vicentin, 2015) e no ano de 2016-2018, este projeto de pesquisa pretende sistematizar as décadas de 2006-20120 de produção de conhecimento sobre as juventude(s), as vulnerabilidades e violências, a partir das teses de doutorado e dissertações de mestrado nas seguintes áreas do conhecimento, a saber: as Ciências Humanas e Sociais (antropologia, sociologia, psicologia e serviço social) e da saúde (saúde coletiva/saúde pública/medicina social, psiquiatria/saúde mental e terapia ocupacional).