[Os projetos foram ordenados pelo último sobrenome do professor pesquisador]
Análise microvetorial do impacto da Política Nacional para a população em situação de rua em Macaé-RJ
Responsável – KATHLEEN TEREZA DA CRUZ
Projeto vinculado ao Observatório de Políticas Públicas em Saúde e Educação em Saúde do Campus UFRJ-MACAÉ, ligado à Rede Nacional desses Observatórios implantados em vários núcleos acadêmicos pelo Brasil.
LETRAS – Laboratório de educação, trabalho e assistência em saúde
Responsável – MARIA PAULA CERQUEIRA GOMES
O LETRAS é um grupo que articula um conjunto de ações que integram atividades de ensino, pesquisa e extensão preocupado com a formação de profissionais de saúde e suas práticas. Buscam-se maneiras de compreender melhor a natureza dos processos de ensino-aprendizagem considerando a articulação entre as investigações da micropolítica do trabalho vivo na produção do cuidado e o campo da educação. Parte de suas ações sustentam-se nas ferramentas teórico e conceituais da educação permanente em saúde e no reconhecimento do mundo do trabalho como uma escola. Isto porque a compreensão sobre a natureza do trabalho psicossocial em saúde e as tecnologias envolvidas em sua produção desafia a maneira de pensar a aprendizagem e a produção de conhecimento nesta área. O estudo da micropolítica oferece novas possibilidades de compreensão sobre a complexa dinâmica existente no interior das instituições de ensino e dos serviços de saúde, na conformação dos modos de educar/formar e trabalhar/cuidar em saúde. Diante dos inúmeros desafios atuais que este complexo universo da micropolitica e da produção do cuidado em saúde nos impõe torna-se necessário explorar a produção de novas tecnologias no campo da formação e produção do cuidado em saúde capazes de produzir conhecimento e ações estratégicas que qualifiquem os processos formativos e de cuidado nesse campo. Espera-se que os resultados dessas ações introduzam novos dispositivos educacionais e assistenciais que impactem positivamente nos percursos formativos, nos processos de atendimento, na criação de novas rotinas de cuidado e nos processos de trabalho dos profissionais de saúde.
Territórios, Redes e a Atenção Psicossocial: o trabalho colaborativo e a articulação intra e intersetorial como potencializadores do cuidado em Saúde Mental
Responsável – THIAGO BENEDITO LIVRAMENTO MELICIO
O projeto visa cartografar modos de ser e estar no mundo que se atualizam nos contextos urbanos contemporâneos, partindo de uma reflexão geral sobre os territórios emergentes na promoção do cuidado, tendo como dispositivos centro de convivência e cultura, clínicas da família e possíveis articulações intra e intersetoriais. O intuito é lançar luz às práticas agenciadas por profissionais em saúde nas unidades parceiras do projeto, observando e refletindo o que emerge de maneira enrijecida, cristalizada e tecnocrata, assim como o que emerge de maneira inventiva, relacional e potencializadora da vida. Objetiva-se identificar, fortalecer e contribuir para as formas de produção de saúde amparadas na promoção de cidadania, que qualificam a integração ensino-serviço- comunidade e sustentam a perspectiva colaborativa e interprofisisonal em saúde. Para tanto, o projeto se vale da caixa de ferramentas teórico-metodológica da produção de subjetividade, cartografia psicossocial e biopoder, discutidos por Deleuze, Guattari e Foucault; bem como seus pontos de diálogo com as análises sobre neoliberalismo, políticas públicas, modelo biomédico e segmentação social, Composição Técnica do Trabalho, entre outros, discutidos por Wacquant, Pelbart e Merhy. A pesquisa tem dois desdobramentos atuais por meio de grupos de pesquisa-estágio-extensão já em andamento: “Projeto Pet-Saúde/Interprofissionalidade da UFRJ”, que envolve os cursos de Psicologia, Medicina, Saúde Coletiva, Enfermagem e Odontologia, e realiza ações em três clínicas da família da área programática 3.1 do município do Rio de Janeiro, em especial, aqui, a Clínica da Família Zilda Arns, contando ainda com articulações com o CAPS III João Ferreira e CAPS III AD Miriam Makeba, bem como com a mobilização de movimentos e lideranças comunitárias; Projeto “Coletivo Convivências – Articulando Rede de Convivências no campus da Praia Vermelha”, que visa ampliar e consolidar a formação de articuladores de rede com parceiros interinstitucionais de diversos campos de atuação, no intuito de produzir novas possibilidades de habitar o território da Praia Vermelha pela e na diversidade e que, no ano de 2020, passou a integrar “Centro de Convivência Virtual – Promoção de Saúde e Redes de Afeto em tempos de pandemia” que foi aprovado, em 18 de maio de 2020, no edital COVID19, da Fiocruz.
Enfrentamento do COVID-19 na Região Norte Fluminense e Baixada Litorânea: Ações, perspectivas e impactos
Responsável – EMERSON ELIAS MERHY
O estudo está dividido em 3 eixos investigativos com desenhos específicos: Análise clínico-epidemiológica da pandemia de COVID-19 na Região Norte Fluminense e Baixada Litorânea do Estado do Rio de Janeiro; Análise de processos de trabalho de equipes nos vários âmbitos da ação; Análise da garantia da Segurança Alimentar durante a Pandemia.
Análise da implantação da rede de cuidados à saúde das pessoas com deficiência – os usuários, trabalhadores e gestores como guias
Responsável – EMERSON ELIAS MERHY
A atenção à pessoa com deficiência apresentou importantes avanços nos últimos anos, entretanto, ampliar o acesso e qualificar o cuidado ainda é uma necessidade premente. A Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência, criada em 2012, tem sido uma aposta para superação dos vazios assistenciais neste campo e para resolução dos problemas acumulados no sistema de saúde. Esta Rede de Cuidados está sendo construída para responder a necessidade de ampliar, qualificar e diversificar as estratégias para a atenção às pessoas com deficiência física, auditiva, intelectual, visual, ostomia e múltiplas deficiências por uma rede de serviços integrada, articulada e efetiva nos diferentes pontos de atenção para atender às pessoas com deficiência, assim como iniciar precocemente as ações de reabilitação e de prevenção precoce de incapacidades. Objetivo: Este projeto pretende analisar a produção de redes de cuidado operadas pelos Centros Especializados em Reabilitação (CER) habilitados pelo Ministério da Saúde, bem como o grau de adesão aos princípios e às diretrizes definidos nas normativas da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência. Método: Será empregada a estratégia metodológica de abordagem cartográfica, mediada pela perspectiva do pesquisar in-mundo, tendo os como usuários do acompanhamento do pesquisador (ferramenta usuários-guia), seus familiares, os trabalhadores e gestores da rede. Compreendendo por usuário-guia, o relato da produção do cuidado com um usuário que acompanhamos no serviço de saúde e partindo do pressuposto que a produção do cuidado não se limita à realização de procedimentos técnicos, mas que se dá na relação entre o usuário e o trabalhador, usuário-gestor, ou seja, é necessário compreender o usuário-guia como narrativas do encontro, incluindo todos os outros encontros que atravessam esta relação: com outros profissionais, com a família, com outros serviços de saúde, com o bairro, etc. Encontro de encontros. Trata-se de narrativas produzidas que tem como referencial o usuário, é, portanto, uma descrição/análise usuária centrada. O usuário-guia será um dos dispositivos para cartografar os encontros em torno da produção de cuidado. A pesquisa prevê a realização de encontros dialógicos e entrevistas com usuários e outros atores sociais, gestores das esferas estadual, regional e municipal, gerentes/técnicos dos serviços e profissionais de saúde, momentos nos quais serão recolhidas narrativas acerca de como produz o cuidado nesses serviços, e em que medida esse cuidado está adere às normativas da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência, as barreiras e dificuldades para essa adesão. Nesta aposta de realizar pesquisa cartográfica construímos as ferramentas para produzir a atualização em todos os feixes de forças dos vários regimes de verdade que emergem no território micropolítico, tratando da multiplicidade, dos devires, das molecularidades e assumindo o lugar dos múltiplos, das identidades e das molaridades pedidas nessa possibilidade de construção cotidiana. A equipe de pesquisadores será composta por pesquisadores que frequentam o grupo de pesquisa Micropolítica, Cuidado e Saúde Coletiva, por Secretários de Saúde, Coordenadores de Área Técnica de Saúde da Pessoa com Deficiência e Coordenadores Técnicos do Serviço, e pelas equipes de trabalhadores dos CER localizados na região Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste, do país. O projeto terá início após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa e todos os sujeitos serão devidamente informados e esclarecidos sobre a pesquisa, verbalmente e através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Resultados esperados: Espera-se com esta pesquisa analisar o funcionamento dos CER, identificando e problematizando os principais avanços e desafios vivenciados pelos serviços, contribuindo, consequentemente, com informações a respeito do grau de implantação da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência no país. Espera-se que a pesquisa, durante o processo em que for realizada, funcione como um dispositivo que leve à discussão compartilhada entre gestores federal, estadual e municipal do SUS, profissionais de saúde e sociedade civil, tanto no que se refere ao subsídio para a tomada de decisão, quanto para atuação do controle social na busca e consolidação da saúde como direito.
Observatório microvetorial de políticas públicas e educação em saúde
Responsável – EMERSON ELIAS MERHY
Estudar a formação das normativas no campo das políticas públicas, seus efeitos de agenciamento, impacto no campo da saúde e modos de produção do cuidado. Da lei como efeito genealógico dos coletivos sociais aos efeitos da lei. A linha de investigação seguida aponta que os processos de subjetivação cotidiana é o caminho de se construir processos avaliativos. Aposta na pesquisa como interferência nós processos de construção dos sentidos dos modos de existir, tomando que todos que se encontram nos cenários de estudo são efetivos produtores de conhecimento e como tal são também pesquisadores. Tomamos o encontro como uma micropolítica no qual todos agem como forças de existências. Genealogia e cartografia constituem modos de construir eixos investigativos.
Os movimentos associativos na comunidade de pessoas com albinismo no Brasil: Experiências compartilhadas na produção da vida
Responsável – NEREIDA LUCIA PALKO DOS SANTOS
O albinismo é uma condição genética na qual há uma redução ou ausência congênita do pigmento melanina, devido à ausência ou defeito da enzima tirosinase. Este é classificado no CID-10 (Classificação Internacional de Doenças) na Categoria dos Distúrbios Metabólicos, código E70.3. Ainda, em sua maioria, as PA possuem visão subnormal (CID-10 H54.2: é uma perda severa da visão que não pode ser corrigida por tratamento clínico ou cirúrgico nem por óculos convencionais), fotofobia (CID-10 H53.1), nistagmo (CID-10 H55), entre outros problemas visuais, remetendo-as a condição de pessoas com deficiência visual; e maior vulnerabilidade a queimaduras solares, lesões e câncer de pele. Mais que um estigma, que um CID, uma condição permanente a ser manejada na produção da vida, na dissonância dos corpos emaranhados à produção de vulnerabilizações. A proposta perpassa, mas não toma como o centro uma investigação dos movimentos sociais e / ou sua constitutividade, mas sim, os movimentos ocorridos na Comunidade de Pessoas com Albinismo (CPA), cujo horizonte por vezes é nomeado / vislumbrado como o da formalização das associações locais e nacional. A matriz discursiva que opera o campo da invisibilidade social na diferença, dissonância, deficiência, permeia a produção da vida, da existência, e nos leva ao mapeamento dos movimentos, em processo, das vidas associativas de PA no Brasil. É no caminho de produção da existência, que as PA percorrem processos identitários e de identidade, em relações que se cristalizam, permeadas por dimensões que se compõe em produção de comunidade e imunidade (ESPOSITO, 2017). Nesse contexto, a dimensão política evidencia o fenômeno social e as forças, disputas e tensões processualizadas micro e macropoliticamente, subjetividades e dinamicidades em processos identitários. Diante do exposto, na perspectiva da produção corpo-vida dissonante em comunidade está em cena uma forma de biossocialidade, de relações sociais mediadas por bioidentidades, em um caminhar a ser estabelecido na direção de uma ética da vida, ética que cria as condições para gerar um comum, ali onde é possível que uma alteridade possa se dar, onde as relações de implicação e engajamento permitam que as diferenças circulem, apesar dos estigmas, com as bioidentidades em seu devido lugar: um recurso para se obter alguns direitos. Analisar os movimentos, implicações e concepções, se dará com a ajuda de intercessores para circular pela provisoriedade de produção de verdades (FOUCAULT, 2014; FOUCAULT,2000); a multiplicidade da produção da vida e do rizoma (DELEUZE e GUATTARI, 2004); o processo micropolítico na produção de REDES VIVAS (MERHY et all, 2016); a noção de comunidade e imunidade (ESPOSITO, 2019) e as contribuições ao debate acerca da biopolítica e da necropolítica (FOUCAULT, 2014 e 2000, ESPOSITO, 2017 e HILÁRIO, 2016). Assim, são propostos: Objeto da investigação: os movimentos associativos da CPA no Brasil. Objetivo geral: Mapear os movimentos associativos da CPA no Brasil. Objetivos específicos: Identificar os atores dos movimentos associativos na CPA no Brasil;
Descrever os movimentos associativos na CPA no Brasil; e Analisar os movimentos associativos na CPA no Brasil. O conhecimento a ser produzido possui potencial para a constituição de indicadores-alvos das políticas públicas brasileiras voltadas para a CPA, uma vez que serão produzidos em articulação a CPA, com disponibilização de informações e inovações, incluindo a sociedade civil (inserindo a academia: pesquisa, formação e extensão) na busca e consolidação dos direitos humanos e CPA.
PERCURSO METODOLÓGICO Pesquisa descritiva, com abordagem qualitativa de inspiração cartográfica, orientada pelo conceito de território como uma realidade relacional, produto dos atores sociais em interação. São eles que produzem o território a partir da concepção de espaço como um campo de manifestação de todas as relações de poder, traduzidas em malhas, redes e centralidades de permanência variáveis. A cartografia procura revelar as forças que contribuem para a formação de territórios existenciais, quer dizer, a constituição da vida dos sujeitos, produz mundos, ou seja, redes de significações, por isso, o cartógrafo está interessado em atentar para o novo, para o que produz diferença num campo aparentemente homogêneo, quebrando as sequências lineares de fatos e dando visibilidade às forças de resistência. A construção de narrativas dos muitos que podem falar sobre a experiência se conforma em uma multiplicidade com o deslocamento na relação pesquisador e objeto a ser pesquisado, não há como segmentar o processo de investigação, ele próprio é o que constitui o seu objeto prescindindo de condições ideais e controle de variáveis, no entanto se sustentando pela aposta de seus pesquisadores e suas implicações. Em decorrência da Pandemia por COVID-19 e seus efeitos nas dinâmicas sociais, para garantia da coleta de dados, esta ocorrerá por meio digital com medidas rigorosas para assegurar o compromisso frente as questões éticas de pesquisa que envolve seres humanos. As entrevistas ocorrerão por meio de plataformas e aplicativos de comunicação e serão gravadas em mídia digital. A transcrição preliminar através do aplicativo SpeakNote®, com posterior ajuste e refinamento do processo para garantia de sua fidedignidade. O instrumento de coleta de dados a ser preenchido no Google Forms® subsidiará a identificação do perfil dos participantes, suplementarmente à análise qualitativa, com base em descrição estatística simples em Planilha Excell®.
Nos encontros e misturas, nos conectamos com as fontes, determinados lugares, documentos, pessoas, entre muitos outros espaços, que nos permitem conhecer e até poder narrar sobre o cotidiano. Mergulhamos em uma história, composta por muitas fontes, sejam elas escritas ou orais sobre um determinado acontecimento. Uma história que também é composta por aquilo que não é dito e / ou visto por outras pessoas que atravessam a construção de narrativas, mas que não foram visibilizados, uma produção do que é significante em nós e isso se produz em certos regimes de signos e de produções do que são “coisas” para nós, e do que são as suas verdades. O anonimato dos participantes e preceitos éticos das pesquisas com seres humanos será mantido, garantindo-se, por intermédio do Registro de Consentimento Livre e Esclarecido (RCLE) a autorização para a divulgação das respostas dos participantes em atendimento à resolução n° 466 de 2012.