Expertise
Interessa-se por pesquisas psicossociológicas com ênfase em publicidade e propaganda, subjetividade, processos criativos, teoria da comunicação.
Linha de Pesquisa
Linha I – Ecologia Social, Comunidades e Sustentabilidade
Grupo de Pesquisa
Inter@ctiva – Comunicação e Culturas em Rede
Projeto de pesquisa
Em busca da sintropia: processos criadores, afetos e ética
Se a entropia é o grau crescente de desorganização e dissipação da energia de um sistema vivo, sintropia é a tendência inversa, de recuperação, resultando em uma organização cada vez mais complexa, com ganhos de energia e multiplicação de recursos. (Rebello & Sakamoto, 2021).Esta pesquisa se propõe a investigar se e como é possível estimular em sala de aula processos criadores sintrópicos, que favoreçam o desenvolvimento no grupo de uma atitude curiosa, crítica e transformadora de si e do mundo, na direção de um modo de vida complexo e autossustentável.
O trabalho, de fato, começou em 2004, quando, professora de redação publicitária na UFPE, observei que o maior obstáculo ao ensino/ aprendizagem na matéria — que diríamos “criativa” — estava na própria experiência estudantil da educação formal, que se baseia na expectativa de obtenção de resultados conformes, ou seja, em que o reconhecimento – no sentido de capacidade de reproduzir algo anteriormente transmitido – é supervalorizado em detrimento da descoberta. Assim, bolei e implementei uma matéria eletiva intitulada “Criatividade e processos criativos”, a partir da leitura do livro homônimo de Fayga Ostrower. A proposta era simples: alinhar leituras e experimentos, de modo que estudantes pudessem praticar em pequenos exercícios aquilo que liam nos textos de artistas, filósofos, escritores, poetas, teóricos, cineastas. Ou seja, propunha-se que teoria ganhasse corpo.
O curso tinha por princípio não cobrança: nem de presença, nem de resultados. O foco estava no processo. O trabalho final seria alguma produção pessoal — tema de livre escolha, em linguagem e apresentação também livres. Apesar das muitas faltas e leituras poucas, as aulas sempre proporcionavam relatos intensos e discussões engajadas. Na aula de encerramento, dia de apresentação dos projetos, foi uma grata surpresa ver que conceitos e práticas tinham de fato se articulado em trabalhos ao mesmo tempo pessoais e cheios de reflexão. Retomei o curso quando tornei-me professora adjunta na Escola de Comunicação da UFRJ, em 2011. Limitado a 15 o número de vagas, a troca de vivências pode ser mais aproveitada, com mais tempo para cada estudante expressar-se e apresentar suas descobertas. A disciplina Criatividade e processos criativos passou a ser ofertada uma vez por ano, sempre com grande procura e produzindo efeitos gratificantes, tanto para discentes, quanto para mim, como professora.
Paralelamente, minha pesquisa se debruçava sobre a Publicidade e a produção de uma subjetividade para o consumo. Nesse contexto, criei um projeto de extensão chamado Observatório da Publicidade Expandida, voltado para a promoção de literacia publicitária junto a estudantes do ensino fundamental e da graduação, em escolas e universidades públicas. Esse trabalho baseava-se em oficinas, nas quais a reflexão se desdobrava de um trabalho em grupo realizado pelos participantes em sala. Após 4 anos de atividade, ficou patente que jovens estavam cada vez mais, e cada vez mais cedo, sendo absorvidos pela cultura do consumismo, não por falta de consciência dos problemas aí implicados, mas por uma conformação com esse modo de vida, como se outra maneira de conceber e viver o mundo fosse impensável.
Dessa forma, na presente investigação proponho observar, analizar, teorizar e sistematizar o funcionamento do curso Criatividade e processos criativos, cujo título reformulo, à luz de minhas investigações anteriores, para Processos criadores, afetos e ética. Em suma, a partir da experiência de ensino de Redação publicitária e de Criatividade e processos criativos; do observado no projeto de extensão; das conclusões dos estudos anteriores sobre Criatividade e indústrias criativas e sobre Publicidade e subjetividade, esta pesquisa propõe-se a verificar se e como processos criadores podem ser empregados em outras áreas que não a arte, como caminho de ensino/aprendizagem e forma de conhecimento que busca catalisar olhares críticos e inventivos, com uma perspectiva ética e transformadora.
Disciplinas
Comunidades, Cultura e Comunicação I
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